Setor imobiliário: 19% dos executivos já utilizam algum recurso tecnológico apoiado em IA
Pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e pela Brain Inteligência Estratégica, com a participação de 163 executivos do setor, constatou que 19% deles já utilizam algum recurso tecnológico apoiado em IA em suas companhias.
O estudo constatou ainda que 27% das empresas consultadas já têm áreas especializadas em IA e que 83% veem positivamente o impacto desse tipo de ferramenta nos negócios. O relatório demonstrou também que 21% dos entrevistados entendem que a área de atendimento ao cliente é a que mais pode se beneficiar da inteligência artificial.
O crescimento na aplicação de IA não preocupa o segmento quanto ao espaço do corretor de imóveis no futuro. Para Cassius Cunha, gerente de Marketing Digital da Trisul, na fase final de concretização da venda, o fator humano continuará sendo imprescindível. “A compra de um imóvel é a realização de uma vida. E eu acho muito frio fazer isso 100% no digital. O contato físico e o olho no olho ainda serão fundamentais”, afirma.
Para especialistas, o papel da IA no mercado imobiliário pode ir muito além do atendimento ao cliente. A administração de contratos, a precificação dos imóveis e a segurança relacionada à corretagem podem ser aprimoradas com inteligência artificial.
O “core business” da Growth Tech é o desenvolvimento de “smart contracts” para o setor: contratos autoexecutáveis com dados registrados no blockchain, que garantem mais eficiência ao gerenciamento da jornada pós-venda. Agora, a empresa investe na mineração de dados gerados por esses contratos para criar análises preditivas que possam retroalimentar o próprio mercado.
“Com o auxílio da inteligência artificial, conseguimos detectar certos padrões de consumo e tendências de comportamento do cliente. Assim, é possível enxergar aquele que tem interesse em outro imóvel ou oferecer serviços complementares que melhorem a experiência de uso do imóvel, desde dicas de restaurantes a lavanderias mais próximas”, afirma Hugo Pierre, CEO da Growth Tech.
Já a startup Loft usa inteligência artificial para precificar com mais exatidão os imóveis que estão em sua plataforma. “A definição do valor, em geral, vem de conversas com zeladores, moradores e amigos, em um processo muito sujeito a erro. Não é à toa que um imóvel no Brasil leva, em média, 16 meses para ser negociado, enquanto nos Estados Unidos as vendas ocorrem em três ou quatro meses”, argumenta Luis Bitencourt-Emilio, CTO da empresa.
“Nossa ferramenta é treinada com informações de mais de dez milhões de anúncios e o histórico dos preços transacionados. São informações poderosas para que o corretor consiga convencer o dono do imóvel a ajustar o preço caso esteja acima do praticado pelo mercado”, explica.
Os outros usos de IA dentro da empresa referem-se à produção de anúncios e ao rastreamento da venda de imóveis cuja jornada fora iniciada na plataforma, mas finalizada por fora sem pagamento da comissão. Com esse sistema, segundo o executivo, foram recuperados cerca de R$ 350 mil em taxas de corretagem não pagas.
Bitencourt-Emilio se diz empolgado com a revolução em curso promovida pela IA. “Ainda há muito por vir, sobretudo pelo fato de a inteligência artificial generativa já ter cruzado o abismo da curva de adoção de tecnologia e estar presente no cotidiano de todos nós, o que vai possibilitar seu uso imediato em grande escala”, conclui.